Editorial

António Xavier Tomo

Resumo


Três ideias tratamos de sublinhar no prefácio que fizemos ao número zero do primeiro Curandeiro em Outubro de 2015. A primeira, evocando Hegel, dizíamos que a coruja da Minerva, a filosofia, tende a chegar tarde em relação aos acontecimentos já consumados, todavia cedo o suficiente para, ao alvorecer e quando se vai deitar, deixar uma boa nova para a sua gente.
A segunda ideia e africanamente falando, a coruja representa a “feitiçaria”, ou seja, um saber quasi-obscuro, desconhecido, misterioso para as pessoas comuns, todavia com a característica de ser “justiceira”. Na verdade, o que sabemos como justiça em termos gerais, está concebida para re-equilibrar o Mal que os humanos infringem directamente ou indirectamente aos outros seres humanos, tais como matar, violar, violentar, roubar, discriminar, torturar, etc.). Assim também, é na figura simbólica do feiticeiro que, inventada ou real, as sociedades humanas africana buscam a “vingança” contra um Mal que sentem terlhes sido injustamente imputados.
A terceira ideia, e talvez a mais importante, anunciávamos que o propósito d´O Curandeiro, Revista Moçambicana de Filosofia, não nascia somente para a Universidade Pedagógica e nem confinada a Moçambique, senão dedicada aos filósofos africanos dos Países de Língua Oficial Portuguesa, onde sentíamos que a filosofia tinha, tal como a Coruja da Minerva, chegado tarde demais em relação aos outros países africanos de expressão oficial inglêsa e frencêsa; no entanto feiticeiramente cedo o suficiente para participar  activamente no debate e acção da continuidade libertária na era pós-independentista, caracterizada principalmente pela busca da justiça nos seus sentidos jurídico e social.

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